domingo, 18 de outubro de 2009

Shining India

Como todos puderam constatar, esta é uma entrevista algo polémica que me deu um gozo enorme não só ler, como apresentá-la. Tenho, sinceramente, pena que as vossas alminhas críticas não tenham despertado aquela hora da manhã, pois aborda temas actuais, interessantes, sociais, políticos e com muitíssimo "pano para mangas". Assim sendo, vou tentar cortar na análise que já fiz na aula, e passar ao "pequeno texto de opinião sobre o seu conteúdo". Abusem do direito ao comentário.
"A Índia não se esgota em Bollywood" - entrevista de Marie Chaudey, para a "La Vie", a Tarun Tejpal, repórter e director de um semanário indiano, a propósito do lançamento do seu último romance "História dos meus assassinos". In Courrier Internacional.
Tarun Tejpal, é aquilo que eu quero ser quando for grande. Para além de ter um semanário polémico, é escritor, e Marie Chaudey explora isso da melhor forma. Começa, talvez por cliche, a abordar o tema do livro, mas relacionando o autor com a história. E assim origina, não sei se naturalmente, um grande foco de questões que realmente nos interessam ouvir de Tejpal. Tal como referi na aula, creio que o mais revelador desta entrevista, é a questão ética de julgar (ou não) os criminosos implacavelmente, pelos seus crimes, sem antes tentar compreender um passado provocador de uma vida à base da ilegalidade. Uma vida que, apesar das enormes desvantagens, é de longe melhor do que a de trabalhar de sol a sol e não ter dinheiro para alimentar a família. O João A. dizia na aula que se esses milhões sobrevivem e continuam a existir, qual é a justificação para os que caem na tentação de uma vida melhor? É esta interrogação que podemos sublinhar. Para o homicídio não há desculpas, para a violência face ao abuso de poder sim. Para o roubo também. Assim como para emigrações ilegais. E não sou só eu que acho que este é o ponto principal: " Mas o que me interessava no livro era, sobretudo, questionar-me sobre as vidas dos cinco assassinos a soldo: não terão tanto valor como a da pessoa que querem assassinar? Fundamentalmente, este romance é, para mim, uma história das classes inferiores indianas, dos fundilhos da Índia, desse povo cuja vida íntima nunca é contada, dessas pessoas que morrem sem nome, sem rosto, sem memória sem herança. (...) Antes de fazerem dos outros vítimas, eles próprios foram as vítimas, é verdade: da sua casta, da sua religião, da sua língua (...)". Aqui não se justifica o crime, não se legitima a violência, condena-se um mundo que se diz global, em que os extremos se acentuam de tal forma, que pessoas com tanta moral como qualquer um que esteja a ler este post sentado ao computador, sejam encaminhadas para uma vida fora da lei que não os protege nem os sustenta.
Politicamente empenhado e jornalista que "põe as mãos na massa" são os temas das questões seguintes. É única e exclusivamente aqui que acedemos ao lado pessoal do entrevistado, enquanto escritor. Separa o jornalismo da literatura, mas confessa que há naturalmente relação entre elas, pois não podia escrever sem as "águas ricas" que o Tehelka lhe proporciona. A sua ciência está em "apropriar-se deste caos para fazer literatura". Entre perguntas político-sociais e pessoais, o entrevistado denuncia, crítica e acentua temáticas como a casta dos intocáveis, a classe dominante anglófona, o reverso da shining india e a grande nação tecnológica em que o país em questão se tornou. E é essencialmente nesta última que o repórter apela à banhada que a globalização significa neste país subdesenvolvido: "Mas como é possível pretender tornar-se uma super potência, quando o país não alimenta as suas próprias crianças, nem as envia todas à escola? (...) Na Índia, a corrupção é um sintoma, não uma causa. (...) Somos o país do mundo com os mais gritantes extremos (...)".
Não há muitas formas de concluir este artigo, há apenas o apelo à sua leitura e à reflexão. Qual é, afinal, o nosso papel no mundo? Portugal está assim tão mal? O que é que realmente importa? O que posso fazer? A nossa vida está repleta de coisas boas, há que não nos esquecermos delas, dar-lhes o devido valor.
Filipa C. nº7 12ºE

5 comentários:

Anónimo disse...

agora que reli, podia ter dito mais 3 biliões de coisas. porcaria para a objectividade! bora pessoal, critiquem each word :)

J.S. disse...

O lema da India diz que "Só a verdade triunfa".
Mas eu continuo a achar que a injustiça ainda leva a melhor.

E se não fosse pessoas como este senhor, a denunciar os contras num pais supostamente só de prós, a India ia afundar-se mais, criando um fosso ainda maior, entre os muito ricos e os muito pobres.

E se a justiça é uma virtude, a injustiça devia ser um pecado.

J.S.

Sofia Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sofia Nunes disse...

Esta é uma dura realidade, com a qual convivemos diariamente e em muitos casos não nos apercebemos ou preferimos ignorar.

No entanto este tipo de situações é “abafada” pelos governos, mas também, pelas pessoas com grande poder económico e político.

É de louvar as pessoas que tem este tipo de atitude, pois não é fácil denunciar este tipo de crimes que coabitam nestas sociedades, pois têm medo de represálias. Mas vamos continuar a acreditar na justiça e a pensar que um dia se irá conseguir a paz mundial e o respeito pelos direitos humanos e a igualdade de oportunidades.

Se olharmos à nossa volta, podemos dizer que “vivemos num cantinho maravilhoso do Mundo”, pois apesar de tudo o que possa existir a realidade do nosso país é bem melhor.

S.N

Edward disse...

Esta noticia aborda um tema ao qual conheçemos como presunçao da inocência.
Os assassinos indianos nao são meros assassinos, mas têm por trás desses mesmos assassinios, uma história de vida.
Nós ignoramos esta situação pois achamos que pode nunca vir a acontecer connosco. Ao governo cabe corroburar essas ideias e essas situações, talvez por lhes parecer mais favorável.
Nós, bem, em comparação com milhares de indianos, podemos considerar que vivemos num paraiso, onde as noticias não nos mostram nem metade daquilo que se vive lá fora e das histórias que estao por trás dos assassinios. A fome, guerras, questões religiosas, tudo isso contribui para acções de caris terrorista onde se mata para nao se morrer.

Há que compreender o outro lado da realidade e saber julgar as pessoas.