segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Debatendo: Esquerda - Direita



Marcado com bastante antecedência, foi no segundo dia de aulas de 2010 que fizemos o debate, provavelmente o nosso primeiro debate, Esquerda – Direita.

Apesar de um pouco “esquecido” por parte dos alunos (as férias têm destas coisas) e algumas dúvidas sobre como se iriam abordar certos e determinados temas relacionando-os com as duas posições (Esquerda - Direita), acabamos por nos surpreender, pela positiva, uns aos outros.

Quando entrámos na sala, já o professor tinha tido a amabilidade de a arrumar de acordo com o que se iria passar, escrevendo, até, no quadro, ESQUERDA e DIREITA para sabermos ao certo onde nos situar. Embora algumas dúvidas quanto ao seu posicionamento (nem todos, mas falando no geral), os alunos foram-se sentando de acordo com a sua escolha.

Assim, após a nossa acomodação, o professor fez uma introdução, lembrando-nos, também ao longo de todo o debate, de palavras que não podiam faltar: LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE. E foi nas mesmas que o debate se centrou, relacionando-as, como já referido, com as posições tomadas.

Foi depois da introdução feita pelo professor que se iniciou o debate propriamente dito.
Inicialmente, a questão chamava-se LIBERDADE e o significado da mesma. Para a Direita, falou-se de liberdade de iniciativa em termos económicos, essencialmente. A esquerda demonstrou-se um pouco mais ambígua (não no mau sentido), defendendo a liberdade de expressão com maior interesse.

Em seguida, e como consta na ordem, falou-se na IGUALDADE e no papel da mesma e importância para as duas alas opostas. Focando principalmente o Trabalho, as oportunidades e desenvolvimento do mesmo, a Direita demonstrou um posicionamento mais centrada no mérito e no desenvolvimento do mesmo, enquanto a Esquerda, procurando de forma intrínseca, refutar e demonstrar que no trabalho não é apenas o mérito que convém, mas que, também, existem factores condicionantes do mesmo, nomeadamente, sociais.

Quando se chegou à última palavra que não podia ficar em falta, FRATERNIDADE, apesar de se perder um pouco a atenção, discutiu-se essencialmente a segurança social e o papel do Estado na mesma.

Atingindo alguns pequenos focos de distracção, o debate desenvolveu-se com seriedade e interesse, sendo concluído somente na aula seguinte. O interesse crescia de acordo com o alargar da polémica em torno de cada tema. Assuntos como, por exemplo, Economia, Trabalho, Justiça, Obras Públicas e Comunicação, Saúde e Educação foram alvo de discussão entre os alunos, não esquecendo, acordando com as posições, a importância do Estado nos mesmos e as constantes defesas de um Estado Social, por parte dos esquerdistas, e um Estado Mínimo ou com peso minoritário, pela oposição da direita.

Apesar da diferença entre as duas posições, fim ao cabo, através de métodos diferentes, ambas procuram o mesmo. O equilíbrio social, económico, político e por aí além. Afinal, o que o Homem, “animal político”, deseja acima de tudo é o seu bem-estar e dos que o rodeiam. Nós, “pequenos homens e mulheres”, temos mais do que consciência que nenhum extremismo nos poderá oferecer o que mais desejamos, sabemos que as duas orientações estão cada vez mais próximas, afinal, e com todas as demonstrações históricas que já tivemos, o desejo é cada vez mais o mesmo, pelo menos existe um que ninguém se esquece, Paz.




Regina Morais 12ºE

15 comentários:

Nídia Cruz disse...

Eu sou de direita porque acredito no livre arbítrio.
“Os indivíduos têm direitos” (NOZICK: 1974), direitos que, sendo inalienáveis, permitem que o individuo viva a sua vida com uma certo à vontade perante a lei. Claro está que o indivíduo para poder usufruir plenamente dos seus direitos também tem alguns deveres, deveres esses que são impostos por uma entidade – o Estado, visando o bem da comunidade. Creio que para além dos direitos inalienáveis, é necessário adicionar outros direitos importantes, como o direito à Educação, à Saúde, e à alimentação. Sendo assim, desde que um Estado garante a viabilidade desses direitos e proteja os seus habitantes do uso indevido do livre arbítrio, o seu papel está feito.
O indivíduo tem o direito de fazer o que quiser consigo próprio, tem o direito de ganhar dinheiro e no minuto seguinte perdê-lo no jogo, tem o direito de ganhar dinheiro e amealhá-lo durante o resto da sua vida. Tem o direito à livre iniciativa, fazer o que quiser, literalmente. Tem, inclusive, o direito de ficar em casa no sofá. Atenção a este último direito por mim referido, o indivíduo têm direito a ficar em casa no sofá, desde que isso não prejudique outrem. Se decide ficar em casa, então claramente que não pode contar com o Estado para garantir a vigência dos seus direitos pessoais e intransmissíveis, claramente me refiro à Assistência Social.
São estes padrões de ajuda, de igualdade social, de distribuição da riqueza que “conduz o Estado a interferir indevidamente na liberdade dos cidadãos” (NOZICK: 1974). O indivíduo é livre, à partida todos nascemos iguais perante a lei, claro que à uns que têm mais sorte que outros, ou porque nasceram numa boa zona, ou porquê têm “um berço de ouro”, como cada um se saí na vida, depende da sorte. Acredito que a sorte é um factor importante. E é a esses, menos sortudos que o Estado tem que dar a mão, sem no entanto, se intrometer no livre arbítrio dos outros. Porque convenhamos, ninguém tem a culpa do indivíduo a) ter nascido num meio menos propício á qualidade de vida. Voltando à Assistência Social, ajudar sim, tirar não. A maneira ideal de ajudar os mais desfavorecidos? Não sei a resposta a essa pergunta, mas o Robin dos Bosques é uma lenda.
Reafirmo: direitos essenciais assegurados, ajuda aos mais desfavorecidos, sem no entanto tirar aos mais sortudos. Afinal é (quase) tudo uma questão de sorte.

Inês Almeida disse...

Eu sou da direita, pois acredito na existência de um Estado Mínimo, onde os direitos individuais de propriedade e a segurança são devidamente assegurados.
Jonh Rawls, defende o distributivismo, como a única forma de reduzir as desigualdades sociais, ideal de esquerda.
Nozick, acredita que, os direitos individuas de propriedade, adquiridos com o liberalismo, são um entrave moral ao distributivismo pois, é injusto receber apenas parte de um rendimento para amenizar as desigualdades.
Segundo Nozick, cada indivíduo é dono de si próprio, o que implica, o direito à vida, liberdade de fazer o que quiser e o direito aos seus haveres e propriedade. “ Os indivíduos têm direitos e há coisas que nenhuma pessoa ou grupo lhes pode fazer[...]”(Nozick, 1974).
Assim, quando todos os que se encontram dentro de um território limitado por fronteiras, estão protegidos por uma identidade superior, estão na presença de um estado mínimo. Este, garante de forma satisfatória que, os direitos não são violados, logo, protege melhor a autopropriedade do que o tipo de Estado defendido por Rawls.
O Estado mínimo não está, assim, preocupado em corrigir as desigualdades pois, qualquer pessoa tem direito à propriedade desde que, não viole o direito de outrem, logo, as disparidades daí resultantes, são legitimas- teoria da titularidade.
Nozick utiliza, deste modo, a sua teoria da titularidade, para explicar o direito à propriedade.
Mas, se o que o indivíduo adquiriu, não foi de forma justa, houve a violação de um direito, é dever do Estado rectificar essa injustiça, afim de evitar que outras injustiças, sejam cometidas. O objectivo do Estado é maximizar o bem-estar da sociedade.
No pensamento Nozickiano, a imposição de padrões de distributivismo, conduz à interferência do Estado , infringindo a liberdade dos cidadãos. Se existem padrões está-se na presença de um estado social.
Para Nozick, o distributivismo de Rawls, não respeita o indivíduo e a sua propriedade privada, este é injusto face à da teoria da titularidade.
A abolição da propriedade privada, defendida pelos socialistas, seria uma injustiça, na medida em que, desrespeitaria o indivíduo enquanto dono de si mesmo.
Assim, o Estado mínimo é o que melhor assegura os direitos de propriedade privada e assegura de forma eficaz a nossa segurança.

Daniel Albino disse...

“ (…) a abolição da propriedade privada seria (…) a maior das injustiças (…) [traduzindo] o desrespeito pelo individuo enquanto proprietário de si mesmo.” (Nozick: 1974)
Afirmo-me como sendo de Direita, ou com um nome mais pomposo, um Liberal, ainda que isso tenha um sentido pejorativo, melhor um neoliberal, um desses novos liberais crentes numa economia de mercado. Poderia ainda substituir o termo ‘direita’ por libertarista assente no modelo de ‘Estado Mínimo’.
“ (…) [se o que] os indivíduos possuem decorrer da justiça na aquisição e nas transferências (…) é (…) justo.” (Nozick: 1974)
A justiça da propriedade privada depende somente da justiça da aquisição ou transferência do bem, se a aquisição/transferência for justa então é justo a posse. Partindo destas premissas conclui-se que qualquer bem que tenha sido justamente adquirido é de justa posse. Não sendo contemplado nesta questão de justiça possíveis desigualdades sociais que resultem da posse, uma vez que esta não é injusta para as partes que transaccionaram o bem. Assim e justificando o meu posicionamento ‘ideológico’, no mínimo numa primeira instância, parto da disciplina económica em defesa do meu posicionamento. De acordo com a justiça da minha propriedade, a minha liberdade depende das aplicações financeiro-económicas que da minha propriedade realizar, isto é, a um nível pessoal/individual ou semi-colectivo, dependência da minha pessoa singular, quer seja a família ou dependência familiar, quer seja a minha empresa ou grupo empresarial. Partindo do princípio que usufruo, apenas, do que trabalho, apenas as minhas aplicações da propriedade são responsáveis pela minha liberdade de vida e consequente dependência, minha de algo/alguém, entidade publica/privada, ou de algo/alguém para comigo. Em consequência deste princípio como norteador do meu posicionamento, também ele justifica a natureza do estado e o posicionamento do mesmo na Sociedade e na vida individual de cada um. Mínimo! O estado enquanto garante da vida pública em sociedade e garante de alguns aspectos de cariz colectivo, como a segurança, não pode limitar a acção individual de um individuo ou de um conjunto de indivíduos, o ‘semi-colectivo público’, ou seja, quando o estado subsidia uma empresa, está a promove-la ainda que indirectamente, permitindo mesmo que esta se torne numa Empresa Transnacional, este crescimento empresarial consentido pelo estado é limitador da acção da concorrência e consequentemente da acção do consumidor, que através da publicidade, permitida pelo apoio estatal, influência a escolha de um bem. Se o governo permitiu este desenvolvimento acabou por limitar a acção de tantos outros com ideias parecidas que apenas não forma capazes de obter um qualquer subsidio estatal.
“ (…) [o] estado mínimo (…) permite aos indivíduos viverem vidas muito diferentes.” (Nozick:1974)
Só um estado mínimo, mas com competências definidas e bem organizadas, contribui para a verdadeira liberdade do indivíduo, seja a económica, base do meu posicionamento, sejam outras como a de escolha ou a de expressão, uma vez que pouco ou nada interferem nas escolhas de pessoais ou do semi-colectivo. Cabendo-lhe apenas a condução de uma pequena parte da vida pública.

Raquel Monteiro disse...

“… a imposição desses padrões distributivos conduz o Estado a interferir indevidamente na liberdade dos cidadãos .” (Nozick: 1974)
O meu posicionamento político de direita está nitidamente patente na citação anterior, nela está evidenciada a base da minha ideologia política, a crença no Estado mínimo.
O Estado mínimo é a forma de garantir os direitos individuais de propriedade e de segurança. Todos os indivíduos são detentores de direitos inalienáveis, inerentes à condição humana, que não podem ser colocados de forma alguma em causa, cada indivíduo é dono de si mesmo, ou seja possui a total liberdade de escolha, de decisão e o direito à propriedade, mas somente se esta estiver de acordo com a justiça e ainda, se esta não coincidir com os direitos de liberdade de outrem. “Os indivíduos têm direitos e há coisas que nenhuma pessoa ou grupo lhes pode fazer…” (Nozick: 1974). Contudo, é imprescindível existir uma conduta que determine as circunstâncias em que é justo, ou não o individuo poder usufruir do seu direito à propriedade privada.
Esta questão prende-se com a teoria da titularidade, teoria este que abrange três aspectos: o da justiça na aquisição, a justiça na transferência e a rectificação da justiça.
Toda a obtenção de propriedade privada é considerada justa, se no acto da aquisição não forem transgredidos os direitos individuais de outrem, tal como na aquisição a transferência de propriedades só é justa se não houver qualquer infracção no que se refere aos direitos individuais e se essa mesma transferência for efectuada de forma consciente e voluntária.
As desigualdades sociais resultantes destas mesmas situações são perfeitamente aceitáveis, na medida em que se os processos forem justos e não prejudiquem os direitos individuais de outrem, não há nada com que se possa objectar.
Fazendo finalmente referência à rectificação da justiça, esta apenas será executada se forem encontrados fundamentos que justifiquem tal situação e, dependendo da conclusão, o indivíduo terá, caso seja considerado infractor, de cumprir pena.
No que se refere à segurança da propriedade privada, se reflectirmos por breves instantes, desde logo que chegamos à conclusão que o estado de natureza é por si mesmo uma notável insegurança, visto que se um dado indivíduo ou organização executasse uma determinada lei com as suas próprias mãos iria dar azo a que outro indivíduo ou organização executasse outra lei, originando uma crise cíclica de violência, porém não seria unicamente este o único problema a ser gerado com a existência de duas entidades empregadoras da autoridade. Estas entidades iriam ter como foco a concorrência e o conflito, com o objectivo da procura da supremacia, deixando de ter como prioridade os propósitos iniciais, convertendo-se num jogo de interesses.
Desta forma, é fundamental existir uma instituição estatal capaz de garantir a segurança da propriedade individual, proporcionando uma eficiente protecção à mesma, caso os direitos sejam violados.
“ … o Estado mínimo é preferível à anarquia, na medida em que protege melhor a autopropriedade individual.” (Nozick: 1974).
O Estado é um componente necessário à sociedade humana que tem como finalidade o desenvolvimento económico, a preservação e a garantia dos direitos e interesses da população, contudo apenas deverá de intervir numa pequena parte da vida pública. O Estado mínimo é a única garantia da autêntica liberdade do indivíduo.

Ana Mateus disse...

Eu sou de direita porque acredito na ideia de Estado mínimo, livre iniciativa e propriedade privada.
A meu ver, todas as pessoas devem ter o direito de fazer as suas próprias escolhas, sem que o Estado esteja implicado nessas mesmas opções, dando por isso ênfase à noção de Estado mínimo, em substituição de um Estado social, em que a intervenção do mesmo é bastante regular e excessiva. Ou seja, o Estado deve ter sempre uma participação limitada no quadro político, económico e social de um país pois, como afirma Robert Nozick, este “pode garantir satisfatoriamente os direitos individuais ao proteger todos os indivíduos” e ““os indivíduos têm direitos e há coisas que nenhuma pessoa ou grupo lhes pode fazer” (NOZICK, 1974), isto é, o Estado é o garante da segurança de um povo.
A par da existência de um Estado mínimo, defendo ainda a existência da propriedade privada e livre iniciativa como sendo fundamentais na organização de um Estado e respectiva sociedade. Isto porque, dado um dos direitos que nos é conferido, a liberdade, cada indivíduo é livre de aplicar o seu dinheiro da maneira que pensa ser a mais indicada (sempre de acordo com a lei, claro), para os fins que tem em vista, sem que a participação do Estado os limite. Sendo assim, partilho da opinião de Nozick quando este afirma que “a abolição da propriedade privada seria a maior das injustiças” (NOZICK, 1974).
Outro aspecto fundamental a abordar quando se tem de optar pela “esquerda”, ou pela “direita” é, sem dúvida, a ideia de igualdade. É certo que todos os indivíduos nascem iguais, perante a lei. No entanto, apesar das nossas igualdades, são muitas as diferenças que nos distanciam uns dos outros. São muitas as “desigualdades” que fazem de nós pessoas únicas, individuais. Com isto pretendo afirmar que um Estado jamais deve ter por princípio básico procurar corrigir as desigualdades sociais de um país. Ou seja, não sou a favor da teoria do distributivismo, uma vez que, “ a imposição desses padrões distributivos conduz o Estado a interferir na liberdade dos cidadãos” (NOZICK, 1974).
Quero com tudo isto defender que, atribuindo enorme importância ao individualismo, ao nacionalismo e aos nossos direitos, entre os quais o livre arbítrio, a livre iniciativa, a propriedade privada, acredito que todos devem ter em vista o desenvolvimento económico como umas das principais metas a atingir, com base, claro, no capitalismo.

João Antunes disse...

Eu sou de Direita porque defendo e acredito no livre arbítrio…
De todos os conceitos que podia escolher para justificar a minha posição à direita, considero o livre arbítrio como o conceito prioritário não só à minha posição política, mas a toda a questão moral inerente ao comportamento e estado político da humanidade.
No texto de João Rosas sobre “Anarquia, Estado e Utopia” de Robert Nozick, o conceito de livre arbítrio nunca é referido de forma concreta pelo autor. No entanto, fica claro em algumas passagens da dissertação feita por João Rosas sobre a obra de Nozick, que este era um defensor do livre arbítrio como conceito moral e político.
No prefácio de “Anarquia, Estado e Utopia”, pode-se ler a seguinte frase: “Os indivíduos têm direitos, e há coisas que nenhuma pessoa ou grupo lhes pode fazer (…).” Nozick articula esta questão com a necessidade de um Estado, e consequentemente como argumento para o Estado mínimo. Nozick faz uma abordagem interessante desta questão, colocando o conceito de livre arbítrio (ainda que de forma implícita) como um obstáculo à existência de Estado e mesmo de Estado mínimo. Nozick acrescenta: “Cada indivíduo é dono de si próprio (…) e isso implica o direito à vida, à liberdade de fazer o que quiser consigo mesmo…”. Desta forma, Nozick acaba por se colocar numa posição em que é inegável que o seu pensamento político não só integra o livre arbítrio como o considera uma questão fundamental. Nozick avança na sua teoria sobre a necessidade do Estado mínimo, considerando que os “indivíduos dotados de direitos morais não têm nenhuma entidade à qual recorrer caso esses direitos sejam violados…” e como tal há a necessidade de criar uma espécie de contrato moral com uma entidade que proteja os direitos dos cidadãos. Embora possa parecer que estamos perante uma objecção ao conceito de livre arbítrio e liberdade no geral, na minha opinião a proposta de Nozick apenas reforça a defesa de ambos os conceitos.
Outros argumentos podiam ter sido usados para justificar a minha posição e argumentar a frase que faz o título deste texto. É no entanto da minha opinião que esta é a melhor forma de argumentar a defesa do livre arbítrio baseando-me claro, na posição de Nozick analisada por João Cardoso Rosas.

Sandra Tavares disse...

Não sei dizer convictamente se sou uma pessoa de esquerda ou de direita, no que diz respeito á política, pois tanto concordo e discordo com alguns pontos de esquerda como de direita. Acredito sim que tenho uma “queda” para os partidos de esquerda pois defendem pontos que acho indispensáveis para uma boa conduta da sociedade, como a protecção social ou seja formas institucionalizadas que as sociedades constituem para proteger parte ou um conjunto dos seus membros, tais sistemas decorrem de certas vicissitudes da vida natural ou social, como a velhice, a doença e as privações onde o Estado distribuirá ou redistribuirá bens materiais, culturais que permitam a sobrevivência e a integração dos mesmos na vida social. Outro ponto que defendo e acredito ser indispensável para a boa conduta da sociedade e maus uma vez defendido pelos partidos de esquerda, o direito á diferença, ao Estado cumpre criar as condições para que essa igualdade se verifique e cabe-o fazer independentemente de se verificarem eventuais consensos sociais acerca de determinada matéria decisivamente implica na sua realização.
Como já acima referi esses dois são dois pontos que defendo de esquerda, mas por outro lado defendo um ponto de direita, que é completamente aniquilado pelos partidos de esquerda, a individualidade de cada um e a capacidade de desenvolver excessivamente o valor e os direitos do individuo.
Desta forma considero-me uma pessoa não de esquerda, mas que acredita em muitos dos pontos defendidos por esta corrente.

Luciene Varela disse...

Eu sou de esquerda porque acredito que é o único que consegue assegurar o progresso social e a igualdade de oportunidades. Muitas vezes surge a questão: deve-se satisfazer as necessidades de um indivíduo ou as necessidades do colectivo. ” O colectivo “ seria a resposta de grande maioria, todavia conhecendo a diversidade de cada ser humano nem a todos felicitaria, sendo assim, nunca teríamos um progresso social. No meu ponto de vista o progresso social deverá ser desejado como a realização do bem-estar comum de uma sociedade, daí que o progresso social implica várias formas de progresso: melhoria nas condições de vida, permitida pelo progresso económico, que leva a um bem-estar maior da população, o que me leva a acreditar que os partidos de esquerda podem com mais sucesso assegurar o progresso social.
Rawls afirma que : “as desigualdades económicas e sociais são justas se resultarem em vantagens compensadoras para todos” (RAWLS: 1971), isto é, ao satisfazer as necessidades do colectivo, o progresso social será garantido com mais facilidade.
As desigualdades sociais e económicas são um grande entrave para o progresso social e põe em causa um dos princípios/ direito mais básicos do homem, o direito a igualdade.
A igualdade de oportunidades implica sempre a diminuição da desigualdade social e para ser substantiva e não meramente formal, implica o efectivo acesso de todos, inclusive dos mais desfavorecidos, à educação e formação profissional e a cuidados de saúde básicos. O destino das pessoas deve depender das suas escolhas, e não das circunstâncias em que por acaso se encontram ninguém merece ver as suas escolhas e ambições negadas pela circunstância de pertencer a uma certa classe social ou raça.
Concluo assim que, a noção dominante de igualdade de oportunidades parte da intuição de que o destino de cada pessoa deve ser determinado pelas suas escolhas, e não pelas suas circunstâncias.

Fernando Magalhães disse...

Eu sou de dieita porque defendo o nacionalismo e a justiça na aquisição.
Eu sou de direita e sou-o porque os ideais defendidos pela direita encaixam-se perfeitamente na minha personalidade, embora haja alguns que eu possa desprezar, existem outros que eu defendo claramente. Os que mais sobressaiem são o nacionalismo e a teoria da titularidade.
Em relação ao nacionalismo, eu defendo porque acredito em fazer tudo ela nossa nação e num maior investimento em productos de marca portuguesa. Sempre fomos grandes em tudo, somos um dos países mais velhos do mundo, mas a realidade é que a maioria dos países europeus tem-se vindo a desenvolver a passos largos, enquanto nós vamos ficando para trás, por isso eu acredito num maior investimento em tudo o que é nacional e recrimino todos os que referem que nosso país “não presta.”
Por outro lado, a teoria da titularidade. Segundo Nozick, cada um tem o direito de usufruir daquilo que é seu, ou outrora fora seu, ou seja, deve existir justiça na aquisição e na transferência. Se alguém possui algo ilegítimo ou que outrora pertenceu a outra pessoa, terá que ser exposta a teoria da rectificação, onde os bens são devolvidos a quem lhes pertence de origem , ou seja, teria que se rectificar essa situação.
Outro exemplo da aplicação desta teoria já foi exposta elo professor Vasco numa aula de Ciência Política, onde foi dado o exemplo do jogador de Basquetebol. Neste exemplo, o mérito e a qualidade de alguém é utilizada (utilitarismo) em prol do bem-estar social que havia é proveniente de um acordo entre quem promove esse bem-estar e quem necessita dessa adesão de massas, o que na minha opinião é totalmente aceitável.
Em conclusão eu sou maioritariamente de direita, mas não totalmente, uma vez que não concordo com todos os ideais de direita e até sou apologista de alguns ideais de esquerda, mas tenho preferência clara pelos de direita.
“(...) os haveres de alguém resultaram de roubos ou aquisições ilegítimas no passado, então será necessário rectificar.” Nozick 1974
“(...) se aquilo que os indivíduos possuem decorre da justiça na aquisição e nas transferências, então é efectivamente justo.” Nozick 1974
“(...) o seu objectivo é a maximização do bem-estar social (...)” Nozick 1974

Miguel Rodrigues disse...

Eu sou de esquerda porque defendo a estatização da economia e dos serviços.
Analisando as duas opiniões presentes no excerto da obra de João Cardoso Rosas, a minha posição coincide com a de John Rawls.
Assim como Rawls, defendo a igual distribuição do rendimento e da riqueza por todos os cidadãos. Desta forma é possível garantir uma melhor qualidade de vida á maioria da população.
Para além deste aspecto, considero que os homens nascem iguais entre si e que devem ter igualdade de oportunidades ao longo das suas vidas.
A estatização da economia de um país é uma forma de assegurar a estabilidade e a segurança dos trabalhadores. O trabalhador deixa de estar sujeito à “fome de lucro” dos patrões das empresas privadas, estando mais protegido.
Um estado social assegura os serviços necessários a garantir as necessidades básicas, de igual modo, aos cidadãos. Nomeadamente, o acesso gratuito à educação, à segurança social, justiça e assistência médica, independentemente da capacidade financeira de cada indivíduo.
Concluindo, a meu ver o Estado social defendido por John Rawls tem como principal objectivo estabelecer a igualdade e a estabilidade económica.
Os ideais de esquerda, igualdade e fraternidade e igualdade estão expressos nestes princípios de sociedade presentes na teoria de J. Rawls que eu defendo.

Cátia Moura disse...

Eu sou de esquerda porque acredito num sistema de saúde pública.
Considero-me uma pessoa mais á esquerda, pois acredito na defesa de causas populares e numa politica baseada em costumes mais liberais.
Na minha frase inicial, ao dizer que acredito num sistema de saúde pública, estou convicta que a saúde deveria ser gratuita, e deveria estar ao alcance de qualquer ser humano, independentemente do seu estatuto social. Assim sendo, penso que as pessoas com menos posses monetárias deveriam ter o mesmo tipo de tratamento médico do que as pessoas com mais poder económico. A saúde é um dos direitos básicos de uma população, e este direito devia ser assegurado.
A concentração da riqueza só num determinado número de pessoas também se demonstra um factor problemático de uma sociedade, pois não deveria existir distinção entre as pessoas, tornando-se assim algo injusto para os mais desfavorecidos.
Baseado num dos ideais esquerdistas o bem-estar da população depende da cooperação de todos os membros para a sua realização, e assim sendo, todos os membros devem usufruir dos mesmos benefícios.
Estas ideias podem ser comprovadas no texto de John Rawls, nos seguintes excertos:
* “ … O primeiro exige a igualdade na atribuição dos direitos e deveres básicos, enquanto o segundo afirma que as igualdades económicas e sociais, por exemplo as que ocorrem na distribuição da riqueza e do poder, são justas se resultarem em vantagens compensadoras para todos … “
* “… Já que o bem-estar depende de um sistema de cooperação sem o qual ninguém podia ter uma vida satisfatória, a divisão dos benefícios deve ser feita de modo a provocar a cooperação voluntaria de todos os que nele tomam parte, incluindo os que estão em pior situação. “
Apesar de me posicionar mais á esquerda, penso que alguns dos ideais posicionados á direita também têm o seu valor, na organização de uma sociedade estável.

J.S. disse...

Sou de esquerda porque acredito que, dentro do espectro político, é a mais capaz de garantir paz, liberdade e justiça aos Homens.
O principal objectivo da política é tornar os Homens felizes, e essa felicidade é influenciada por diversos factores: sociais, económicos, judiciais, entre outros.
Um país só se pode orgulhar quando consegue proporcionar liberdade, paz, trabalho, educação, justiça e serviços de saúde a todos os seus habitantes, e o socialismo (neste caso, a esquerda) é o meio para isso ser conseguido.
Num estado verdadeiramente de esquerda, todos são iguais, perante a lei, perante os olhos do outro, na justiça, em tudo. É esta igualdade que garante liberdade individual social a todos os indivíduos. A liberdade tanto é garantida num estado de Direita ou de Esquerda, mas os de Esquerda têm-na como “estandarte”, e orgulham-se dela. Esta liberdade permite-nos coexistir de maneira calma e respeitosa, sendo que todos têm o direito de ter opiniões, desde que não vão contra os direitos fundamentais de cada. A liberdade é, ou pelo menos deverá ser, num estado de esquerda, uma prioridade.
A justiça, referida na primeira frase, é a justiça social. Não é justo uns terem muitos, e outros terem pouco. Mas, a situação social “é justa quando o sistema de regras gerais que a define foi obtido através desta série de acordos [constituição, aceite pela população] ” [RAWLS, 1974]. Porém, parece improvável que as “pessoas que se vêm iguais entre si (…) acordem num princípio que pode exigir de algumas delas expectativas de vida mais limitadas apenas para que outros possam gozar de benefícios maiores” [RAWLS, 1974]. Não é justo que em alguns casos uns tenham menos para que os outros possam enriquecer.
Porém, onde existe “injustiça no facto de alguns conseguirem benefícios maiores que outros, desde que a situação das pessoas menos afortunadas seja (…) melhorada” [RAWLS, 1974]? Não existe injustiça nisto. Á partida, a injustiça parece evidente. E é evidente. Ou seja, existe dualidade de critérios, pois apenas uns têm benefícios. É certo que os que não foram beneficiados também não necessitam de ser, mas pode-se considerar injusto, e é a injustiça como meio para a justiça, logo, é perfeitamente aceitável. Mais: esta injustiça inicial visa, no fim, o melhoramento de vida de muitos homens, e nestas situações, os meios justificam os fins.

J.S. disse...

(Continuação) A justiça social só é possível com um Estado forte. É impossível ter uma sociedade justa e igualitária com um Estado Mínimo, a dar liberdade económico-financeira as pessoas, mas a dar também a pá, para irem cavando o buraco entre os ricos e os pobres. A liberdade económico-financeira, num Estado forte, também é garantida, porém, em menor quantidade, ajudando a que o fosso entre Ricos e Pobres seja menor.
A paz não é apenas garantida num estado de esquerda. A história mostra-nos que tanto a esquerda como a direita entraram em guerras, tanto a esquerda e a direita as começaram e acabaram. Porém, a história também mostra uma atitude mais pacifista da esquerda. Em diversas ocasiões, a esquerda sempre se mostrou mais pacifista.
A paz não é só a ausência de guerra; muitas vezes, a guerra é a subsistência da paz. A paz é um estado de calma, de tranquilidade, sem perturbações e agitação social. A Paz Social é exemplo disto: a convivência coerente e agradável com as diferenças numa comunidade. E, neste caso, é mais aplicada á esquerda. A aceitação de novos “valores”, de respeito pelas minorias e por opiniões, quer próprias, quer massificadas, representa um dos valores da esquerda: o respeito pelo homem. Este respeito pelo Homem é das coisas mais belas que há, e pelas quais devemos sempre lutar. Não existe sociedade perfeita em que exista qualquer tipo de discriminação.
No geral, são os Homens de esquerda que dão a cara na luta pela liberdade dos outros, pelos direitos fundamentais de cada. Não existe um “caminho fácil para a liberdade” [MANDELA, 1994], mas cabe-nos lutar por ela.
A esquerda sempre foi mais altruísta, com um sentido comum, com uma maior preocupação pelo Homem, com confiança no mesmo.
É, por isto, que eu sou de esquerda, porque tenho a perfeita consciência que o mundo é um local injusto, sendo extremamente necessário mudar mentalidades para que possa-mos viver em fraternidade, igualdade e em liberdade.

Inês Francisco Jacob disse...

Esquerda e Direita – A direcção é o dilema.

A esquerda e a direita (política) são designações oriundas do período da Revolução Francesa, onde os mais radicais, os membros do Terceiro Estado, se sentavam à esquerda, e os mais conservadores, os membros do Clero e da Nobreza, haviam optado pelo lado direito, onde o Rei se encontrava ao centro.
Os tempos mudam, e muito, e é-me então difícil entender e apreender com precisão ambas as tendências políticas, pois, frequentemente, são imprecisas e demasiado amplas. E confesso também não ter, ainda, dedicado muito do meu tempo a reflectir e a ponderar sobre as minhas crenças e convicções. E quando, por vezes, um partido se assume de «esquerda», em certos contextos pode inverter-se para «direita». Ora, não posso, nem vou, assumir-me para já como pertencendo a um determinado partido político. Não é esse o meu objectivo e, antes de mais, o essencial é, de facto, partilhar ideias e ideais, encontrar semelhanças de pensamento, quer na obra de Nozick, quer na obra de Rawls, pois o que acontece é que me vejo capaz de corroborar, parcialmente, com ideias de ambos, embora também refute certas apologias e concorde muito escassamente com o que Rawls defende. E, curiosamente, apercebi-me mais pendente para o que li na obra de Nozick, «Anarquia, Estado e Utopia.»
Como Robert Nozick, neoliberal, (de certa forma) concordo com a presença de um Estado Mínimo. Saliente-se, então, que «Nozick postula uma alternativa assente em direitos individuais de propriedade que funcionam como um entrave moral a todas as formas de distributivismo (...) numa defesa explícita de um Estado Mínimo que não procura corrigir as desigualdades sociais.» (NOZICK, 1974). Partilho desta ideia.

Inês Francisco Jacob disse...

(continuação, porque os meus textos são «sempre» pequenos),

Afinal, penso que o Estado Mínimo deve, de todo, assegurar a diversidade das vidas individuais, dos seus desejos e ambições. E gosto de pensar na ideia de que, desde que não prejudicando terceiros, a titularidade de um bem é uma situação muito positiva, dependendo, claro está, da justiça da sua aquisição no passado. É uma situação que se me assemelha justa.
No entanto, avaliando e meditando bem, não penso que o Estado deva interferir em todos os sectores do país. Não penso que deva existir igualdade na renda, igualdade nas finanças, pois os indivíduos não são iguais. Há que distinguir bem etimologicamente a noção de igualdade e equidade. A «esquerda» investe muito no colectivismo, na fraternidade. A «direita» apoia-se mais no individualismo. Estes dois conceitos, desde que bem aplicados e entendidos, poderão surtir efeitos excelentes. Mas há ocasiões em que, levados à exaustão, tornam-se graves, negativos. É errado, julgo, procurar a correcção das desigualdades sociais de um país, através do Estado. Não concordo com a teoria do distributivismo pois, segundo Nozick «a imposição desses padrões distributivos conduz o Estado a interferir na liberdade dos cidadãos.» (NOZICK 1974).
Rawls, por sua vez, crê que caso uma determinada acção possa ter a capacidade de gerar e fazer crescer a felicidade, é indiferente se essa mesma felicidade é distribuída de maneira idêntica ou desigual. Na aula, falámos de um exemplo concreto e bem simples de compreender - «Se uma família ganha 500 mil euros por mês e outra família ganha 500, o bem-estar, o quotidiano da família mais abastada não se irá modificar caso 500 euros do seu rendimento se transfiram para a família menos abastada, contudo o bem-estar, a felicidade desta última aumentará, sem dúvida.» Parece-me óptimo, mas há factores que temos de avaliar. Caso contrário, esta situação seria uma repetição dos feitos do Robin dos Bosques. É preciso saber que uso se dá ao rendimento. É necessário saber qual a actividade profissional dos indivíduos. É necessário entender a fundo ambas as situações. O que aqui se propõe é distribuir bens sociais, como as oportunidades, a riqueza e o rendimento, as liberdades, etc., de igual maneira...o que é certo é que tratar igualmente os indivíduos não significa que se extermine todas as desigualdades. Na verdade, as que findam são, parece-me, somente as que trazem desvantagens para alguém.
Para mim, cada indivíduo deve ser livre de fazer do seu capital o que bem entende, e como bem entende para o que deseja, (desde que cumprindo a Lei, certamente), e sem que o Estado coloque obstáculos.
A liberdade é um paladar omnipresente muito natural, pelo menos assim devia ser. Contudo, vê bastantes entraves. A igualdade é desigualmente apreciada e entendida, e para que seja praticada, devidamente, há que entender que o que é verdadeiramente correcto é – «Tratar igual o igual, diferente o diferente.»
A Direita leva-nos então, através do nacionalismo, propriedade privada, livre iniciativa e o individualismo no topo da questão, a atingir um patamar global de interesse igualmente global – o capitalismo, nascendo do desenvolvimento financeiro. Do esforço pessoal de cada um. Da força e trabalho, convicção e responsabilidade de cada um.
Logo, de momento não importa se sou de esquerda, se de direita. Importa que é nisto em que acredito e encontro luz para o sucesso dos indivíduos, bem como para o seu bem-estar, justamente.
Por agora...é isto.

Jacob.